ResearchBib Share Your Research, Maximize Your Social Impacts
Sign for Notice Everyday Sign up >> Login

Uma mudança encaixada: clíticos em construções preposicionadas

Journal: Revista do GELNE (Vol.14, No. 1)

Publication Date:

Authors : ;

Page : 173-212

Keywords : clíticos; gramaticalização da ordem das palavras; nominalização; sintagmas preposicionados.;

Source : Download Find it from : Google Scholarexternal

Abstract

O trabalho tem como objetivo discutir a posição dos clíticos em português, num contexto bem específico — nos sintagmas preposicionados — com vistas a apresentar um caso de mudança encaixada (cf. Weinreich, Labov & Herzog, 1968: 101), a partir de uma amostra constituída por vinte textos portugueses, do séc. XIV ao séc. XIX. Em dado momento da língua antiga, a representação de um fato concomitante a outro se fazia com [em + gerúndio]: em passando; porém, houve uma mudança e passou-se a empregar a construção [ao + verbo no infinitivo]: ao passar. Essa mudança foi decorrente do processo de nominalização dos verbos com o artigo o, antecedido da preposição a, usada para indicar movimento, o que gerou uma estrutura semelhante ao que chamo PCV (preposição-clítico-verbo): a o passar, em que o o é clítico anafórico de terceira pessoa (objeto direto). Ocorre, então, uma ambiguidade, que bloqueou o uso de PCV; o que se resolveu (no período dos sécs. XVI-XVII) com a posposição do pronome: a passá-lo. Ora, a regra anterior nesse caso era a próclise; a ênclise vai afetar inicialmente só os PCVs. regidos pela preposição a; porém podendo se estender, mas não ecessariamente, às demais preposições (de, em, para, por, sem), o que vai ficar evidenciado nos autores do século XIX. A mudança também vai atingir outro tipo de construção preposicionada, as perífrases compostas por verbo transitivo indireto, com a preposição a ou outras: lhe tornar a fazer, o haver de fazer (CVaV) passam a (VaVC): tornar a fazerlhe; haver de fazê-lo, respectivamente.

Last modified: 2017-05-19 02:33:15