ALSÁCIA E MARTINICA: OS CONTATOS QUE ORIGINARAM O ATUAL CENÁRIO LINGUÍSTICO FRANCÊS
Journal: Revista de Letras (Vol.2, No. 37)Publication Date: 2018-12-03
Authors : Pedrita Mynssen Mello; Pierre Guisan;
Page : 256-269
Keywords : Línguas crioulas. Contatos. Identidades. Políticas linguísticas.;
Abstract
O presente trabalho visa comparar duas formações linguísticas regionais distintas no atual território da República Francesa, considerando tanto o “Hexágono” quanto seus territórios “além-mar”. A primeira é a atual região da Alsácia, fronteira com a Alemanha, e a segunda o atual departamento ultramarino da Martinica, uma ilha localizada entre o mar do Caribe e o oceano Atlântico. Ambas as regiões preservam, em diferentes proporções e contextos, sua língua regional, sendo elas o alsacien e o créole martiniquais. Foram comparados os contatos que originaram as duas línguas apontadas com base em dados populacionais, localidade, políticas linguísticas regionais, políticas educacionais, a situação hierárquica dessas e de outras línguas existentes nessas comunidades e como se comportaram sob a política linguística nacional desde a Revolução de 1789. Ao tratar a formação dessas línguas, devemos analisar a formação do povo que a fala: a Alsácia foi formada a partir das “grandes migrações” dos povos germânicos nos séculos V e VI e dois deles ainda estão bem presentes na região assim como quatro línguas que juntas caracterizam modernamente o alsacien. De outro lado, temos a Martinica: a colonização francesa na ilha começou simbolicamente em 1635 e até final do século XVIII o tráfico de escravos ainda era bem marcante e afirma-se que houvesse até treze nações africanas diferentes convivendo entre si. Mesmo sendo ambas provenientes de contatos de povos, o crioulo da Martinica se encaixa perfeitamente nos critérios para ser considerada uma língua crioula, entretanto, por questões puramente extralinguísticas, o alsaciano não pode. Poderíamos ponderar a respeito da não existência de crioulos, mas sim de processos históricos e culturais de crioulização? A reflexão traz essa disparidade fundamentada em Calvet (2003, 1996); Chauderson (1989); Couto (2003, 1996); e Guisan (1998).
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Last modified: 2021-06-16 23:43:48