Circulação da Água Hipolimnética no Reservatório Divisa do Sistema Salto (RS)
Journal: Revista Brasileira de Recursos Hídricos (Vol.16, No. 4)Publication Date: 2011-12-01
Authors : GUSTAVO HENRIQUE MERTEN; LUIZ FERNANDO DE ABREU CYBIS; MELISSA FRANZEN;
Page : 41-48
Keywords : limnologia física reservatórios em cascata fósforo floração de algas;
Abstract
Os reservatórios em cascata, Divisa, Blang e Salto, integram o Sistema Salto de Hidrelétricas, localizado no município de São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul (Brasil). A ocorrência de uma floração de algas tóxicas no verão de 1999, originada no Blang, atingiu captações de água de seis municípios à jusante e demandou medidas especiais para o tratamento da água. Este fato motivou a investigação das possíveis fontes de nutrientes, especialmente o fósforo, identificado como nutriente limitante. Situados numa região de nascentes e clima subtropical úmido, esses reservatórios apresentaram características oligotróficas à mesotróficas no período compreendido entre 2001 e 2003. A investigação das possíveis causas para a fertilização das águas, levou em consideração fontes externas (principalmente difusas) e a fonte interna representada pelo sedimento de fundo, orgânico e rico em nutrientes. Elevadas concentrações de fósforo dissolvido no hipolímnio e a presença de fósforo disponível em excesso no sedimento de fundo, indicaram que esta poderia ser uma fonte significativa de nutrientes para a fertilização das águas. Como a referida floração ocorreu num período em que, normalmente, se desenvolve estratificação em corpos de água relativamente profundos, este trabalho teve como objetivos caracterizar a estratificação físicoquímica da coluna de água e investigar a possibilidade de circulação da água hipolimnética na condição estratificada. Para tal, foram obtidos perfis verticais de parâmetros que indicam a ocorrência de estratificação da coluna de água (temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e potencial redox), teores de fósforo total dissolvido e turbidez, da superfície ao hipolímnio, além de clorofila-a na zona fótica. A possibilidade de circulação da água hipolimnética foi investigada através de batimetria e números adimensionais que refletem a estabilidade do corpo de água estratificado. Resultados indicam que, sob estratificação, a circulação da água hipolimnética dificilmente ocorreria, pois somente eventos climáticos extremos provocariam ventos capazes de inverter a massa líquida. A circulação de águas metalimnéticas, contudo, seria uma possibilidade mais provável, já que ventos moderados poderiam induzir afloramento da termoclina. No entanto, a transferência de fósforo do hipolímnio para a coluna de água poderia ser desencadeada pela abertura de comportas de fundo do reservatório à montante, tendo em vista que o procedimento utilizado para regularização das vazões aumenta o risco de proliferação de algas nos reservatórios situados à jusante, especialmente se isto ocorrer em período de estiagem.
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Last modified: 2016-05-09 09:03:29