O IDEOLÓGICO, O ERÓTICO E O RELIGIOSO EM ASSUNÇÃO DE SALVIANO

Assunção de Salviano abre a trajetória de Antônio Callado como ficcionista, num momento em que a Literatura Brasileira não apresentava grandes novidades e transcorria tranquilamente, sem deixar entrever o que nos aguardava, a partir de 1956, com o aparecimento de Grande Sertão: Veredas e o surgimento da poesia concreta. Não surgiu, igualmente, com aquele ímpeto que nos pudesse antecipar o romancista que emergia naquele momento, na cena da Literatura Brasileira de nossos dias. O romance de 30 já se esgotara nas suas obras primas e o espanto da narrativa de Clarice Lispector já não assustava tanto. Embora em Assunção de Salviano já estivessem em germe os grandes temas e certos procedimentos formais de Antônio Callado, com exceção de seu "indianismo", não se poderia entrever o engrandecimento valorativo e seu evolver em espiral. Bem recebido pela crítica na voz autorizada de Tristão de Athayde, Assunção de Salviano no pensar do crítico, situa-se no "terceiro tempo de uma das tendências de nosso romance moderno: na passagem do nacional ou regional ao universal". Apesar de não acompanhar a afirmação de Alceu Amoroso Lima de que o primeiro romance de Antônio Callado opere o trânsito do regional para o universal, ficando antes a meio caminho dessa transcêndia, é bem singular que emerja uma criação regionalista de um autor de vivências tão urbanas e cosmopolitas, até então.