DA PATRÍSTICA À ESCOLÁSTICA
Journal: Revista de Letras (Vol.13, No. 12)Publication Date: 1988-08-01
Authors : Vicente Eduardo Sousa e Silva;
Page : 201-211
Keywords : Cultura romana; Filosofia; Teologia;
Abstract
A lapidar ode de Horácio parece transcender o próprio significado para expressar a imortalidade da cultura romana. Quando as fronteiras de Roma, centro do universo ao tempo da morte de Marco Aurélio, atingiram o pináculo da sua curva ascensional, estendiam- se da península ibérica ao longo do Reno e para além do Danúbio. Alcançavam a Grã-Bretanha, contornavam o norte da África, avançavam sobre o Cáucasso e batiam às portas da Pátria. Consolidado então o domínio sobre o meio-mundo, as águias romanas desovam sobre as terras conquistadas e o latim, claro, harmonioso e preciso, depositário das verdades fundamentais da filosofia e dos mistérios divinos da fé cristã, desdobra-se generoso nas línguas românicas. Por conseguinte, todo o acervo cultural da antiguidade, emanado na sua essência da Grécia, - Graecia capta ferum victorem cepit - derrama-se sobre o mundo ocidental cristão, absorvido pela Igreja após o declínio do Império. Tornam-se pois herdeiros desse manancial clássico os Santos Padres nos primórdios do primeiro milênio e os Doutores da Igreja em plena Idade Média.A Patrística e a Escolástica portanto moldaram um colossal sistema filosófico teológico que ainda hoje persiste incólume e imortal como a verdade. De um lado, o talento de Agostinho de Hipona cuja doutrina preconiza o triunfo da cidade de Deus; do outro, o gênio de Tomás de Aquino que sintetiza magistralmente: ''a única contemplação que pode exaurir todas as exigências do pensamento, e que por isso pode tornar repleta a alma de felicidade, é a contemplação de Deus". Assim ambas as fases se integram e se completam pela magnitude da doutrina.
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Last modified: 2018-08-09 02:23:20