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THE GHOST OF A CHANCE? THINKING COLOURS ACROSS LANGUAGES AND CULTURES

Journal: Revista de Letras (Vol.1, No. 37)

Publication Date:

Authors : ;

Page : 86-96

Keywords : Cor. (In)Traduzibilidade. Diversidade linguística. Cultura literária;

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Abstract

Em 1810, Johann Wolfgang Goethe sugeria, em Zur Farbenlehre, que a cor é um fenômeno de difícil classificação por resultar da fisiologia, da física e da perceção. O facto de a cor parecer ser, em grande medida, experiencial coloca um problema interessante (e desafiador) quando estamos perante uma obra literária que se centra nela. Neste artigo, defendo que a questão é, por natureza, translacional e pode tomar forma a dois níveis: primeiro, ao nível da representação na obra literária – como se traduz uma experiência visual em palavras? – e, segundo, ao nível da sua re-representação em tradução – como se traduz o que é essencialmente uma experiência visual que por si só já é tradução? Sugiro que, sempre que a cor é constitutiva, semântica e/ou morfologicamente, do sentido em literatura, o texto é habitado por um grau da intraduzibilidade. O desafio que a cor coloca às leis da probabilidade translatória merece estudo, porquanto pode pôr a descoberto um manancial de criatividade e resistência ao entendimento solipsista de arte. Neste artigo, lerei ‘Ghosts' de Paul Auster, narrativa que integra A Trilogia de Nova Iorque, como um texto que sugere uma hermenêutica da cor enraizada na cultura – ora, isto torna a narrativa parcialmente intraduzível a um nível fundamental. Assim, discutirei o paradoxo que esta intraduzibilidade fundamental constitui perante a tradução real da obra no contexto das duas traduções existentes em português europeu.

Last modified: 2018-09-28 04:32:32